A economia brasileira manteve a trajetória de recuperação no 3º trimestre, mas em ritmo ainda fraco, com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) sendo sustentado por um maior consumo das famílias, em meio a um cenário de juros mais baixos, inflação controlada e expansão do volume das operações de crédito. É o que afirmam economistas e analistas ouvidos pelo G1, que também projetam uma aceleração da atividade nesta reta final de ano e em 2020 .
Levantamento do G1 aponta para uma expectativa de alta entre 0,3% e 0,66% do Produto Interno Bruto (PIB) no 3º trimestre, frente aos 3 meses anteriores. Das 14 consultorias e instituições financeiras consultadas, 9 esperam uma alta entre 0,4% e 0,5%. Os dados oficiais serão divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (3).
Para o resultado de 2019, 7 das 14 ainda estimam um avanço abaixo 1%, e outras 7 preveem uma alta de 1% ou 1,1%. Portanto, provavelmente abaixo do desempenho registrado nos 2 anos anteriores. Já para 2012, 12 delas projetam um crescimento de, no mínimo, 2%.
Entenda o que faz parte do cálculo do PIB
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no país, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira. O resultado oficial do 3º trimestre será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (3). No 1º trimestre, houve queda de 0,1% e, no 2º trimestre, alta de 0,4%.
Para o ano que vem, o mercado prevê uma aceleração do ritmo de recuperação da economia. Pesquisa semanal Focus do Banco Central mostra que a média das estimativas dos analistas das instituições financeiras subiu de 2,17% para 2,20% na semana passada – a terceira alta seguida.
O Banco Inter, por exemplo, elevou a projeção de alta do PIB em 2020 de 2,1% para 2,5%, citando a melhora do setor de construção e o crescimento do crédito.
Parte do mercado, porém, ainda não vê como garantido um crescimento acima de 2% no ano que vem, por conta do ambiente externo mais conturbado e da perspectiva de desaceleração global, em meio a uma guerra comercial que se arrasta desde o começo de 2018 e maior tensão social nos países vizinhos, e também da maior incerteza sobre o avanço da agenda de reformas no Brasil e do ritmo de retomada dos investimentos.
O fluxo de um maior volume de investimentos estrangeiros para o país continua incerto, ainda mais depois da frustração do mercado com o megaleilão do excedente da cessão onerosa do pré-sal, no último dia 6 de novembro, no qual praticamente apenas a Petrobras fez lances.
“Do ponto de vista macroeconômico, o país está muito mais ajustado. Mas com um cenário mais incerto e um ambiente mais conturbado na América Latina, o investimento privado e o estrangeiro talvez ainda não venha com aquela pujança, mesmo com juros mais baixos”, diz Matos.
Na ponta mais pessimista das projeções, a MB Associados estima uma alta de 1,6% do PIB em 2020.
“Não vemos ainda um PIB muito forte pelos diversos riscos que estão presentes, especialmente a de uma recessão nos EUA, que pode fazer com o mundo tenha crescimento mais baixo do que se espera. Assim, por ora, não compramos a ideia de PIB retomando fortemente já em 2020”, afirma o economista Sérgio Vale.
A consultoria Tendências também estima um alta do PIB em 2020 abaixo da média do mercado, da ordem de 1,8%.
“Nossa expectativa é de reação moderada da economia, em linha com os efeitos da política monetária em consumo e investimentos, em especial no setor imobiliário. Também contempla um andamento moderado da agenda de reformas, mas em ambiente político ainda volátil, o que junto com cenário externo ainda difícil limita a expansão em ritmo mais acelerado”, diz a economista Alessandra Ribeiro.
Publicação: 02/12/2019
Fonte: O Globo
Imagem: Portal Bahia Econômica