O anúncio de paralisação nacional dos caminhoneiros, convocada para a madrugada do próximo dia 16 por Marconi França, transportador autônomo de Pernambuco, não tem força para mobilizar a maioria dos profissionais no país, garantiram lideranças ouvidas pelo Valor. Em resposta, ele admitiu que há divisão, mas assegurou que as estradas vão parar semana que vem – e com apoio da população. Nosso objetivo ao marcar nessa data foi justamente criar caos. É para sermos vistos, disse França, referindo-se às festas natalinas.
A convocação de greve foi feita por França num vídeo, segundo ele gravado na sede da Central Única dos Trabalhadores do Rio de Janeiro (CUT-RJ), veiculado no fim da semana passada pelo Blog do Servidor, do jornal Correio Braziliense. Ao informar que tinha amparo da central, ele apontou colegas e afirmou ter apoio em Goiás, Rio, São Paulo, Paraíba e Mato Grosso.
Ainda existe um racha sobre a paralisação, mas há também insatisfação grande com o presidente [Jair] Bolsonaro, que coloca um chapéu na cabeça e diz que o Brasil é do agronegócio. Ele está governando para os ricos. A greve vai dar certo, sim. É o que esperamos, reiterou França.
Entre os líderes que mobilizaram a categoria em maio de 2018, Wanderlei Alves, o Dedéco, acompanha os grupos de WhatsApp e descarta a probabilidade de adesão em massa. E digo mais: os caminhoneiros estão bem chateados com ele [Marconi França], por falar em greve neste momento. Em pleno dezembro, todo mundo querendo tirar férias, a economia começando a andar, disse. Isso é coisa da CUT, do PT, da esquerda, de meia dúzia de gatos pingados.
Diretor do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam), José Cícero Rodrigues assegurou que Santos não se juntará a colegas grevistas como no ano passado. A greve de 2018 teve aquela dimensão porque havia grande insatisfação com governos anteriores, vinha de anos, disse. Ele ressaltou que o impasse quanto ao diesel vem de décadas, não se resolverá rapidamente e que o governo tem ainda apoio de boa parte na classe.
Na pauta de greve, França falou das altas do diesel, mas destacou, sobretudo, que o piso mínimo do frete não é respeitado. Isso acontece, segundo ele, porque falta vontade política para que o Ciot (Código Identificador de Transporte) – dispositivo feito para regulamentar o pagamento referente à prestação do serviço de transporte rodoviário de cargas – funcione.
Publicação: 10/12/2019
Fonte: Valor Econômico
Imagem: Portal O Tempo