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PIB deve ser comemorado sem excessos

PIB deve ser comemorado sem excessos

Em compreensível regozijo, o presidente Bolsonaro anunciou na terça que “o Brasil está crescendo”. Comemorava a divulgação pelo IBGE da expansão do PIB em 0,6% no terceiro trimestre, em relação aos três meses imediatamente anteriores, o que estimula analistas a melhorar a projeção do crescimento deste ano para algo além de 1%. É pouco, mas se considerarmos que a economia vem de grave recessão em 2015/16 (mais de 7%), deixando um rastro de alto desemprego, ainda de 12,4 milhões de pessoas, o resultado merece mesmo comemoração. Mas não esfuziante.

Destaque-se que o PIB não reage devido aos gastos públicos — contidos, a fim de que o país seja resgatado de seriíssima crise fiscal, e as contas do Estado saiam do vermelho, onde se encontram desde 2014. Desta vez, é puxado pelo consumo das famílias, apesar de o desemprego continuar elevado.

O organismo do sistema produtivo começa a sair do coma por partes. O mercado de trabalho se movimenta mais pelo crescimento do emprego informal e de baixa remuneração. A massa salarial, porém, já começou a estimular um maior movimento nas lojas, exposto pelo noticiário sobre o Black Friday e pelas expectativas para o Natal.

Um combustível para a recuperação iniciada pelo setor privado — fenômeno raro no Brasil, país em que o Estado tem um peso excessivo — é a retração dos juros básicos a níveis nunca vistos desde que a economia foi estabilizada: de 14,25% em 2016, a Selic, taxa de referência fixada pelo Banco Central, está em 5% e pode encerrar o ano em também nunca vistos 4,5%.

A redução do custo do dinheiro estimula o crédito ao consumo e principalmente a comercialização de imóveis: no mercado do estado de São Paulo, que costuma puxar a recuperação do setor, a venda de imóveis residenciais, de janeiro a setembro, cresceu 69% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com o sindicato da Habitação (Secovi) paulista. No vácuo, segue a construção civil, com a benigna característica de contratar muita mão de obra.

A recuperação é disforme: a indústria como um todo evoluiu 0,8%, porém muito condicionada pelo setor de extração mineral, com alta de 12%, devido ao petróleo. Outro indicador de que há um longo processo pela frente para a economia de fato decolar é que a taxa de investimento está em 16% do PIB, muito baixa. O ideal é 20%.

Bolsonaro não deve se enganar. Quanto mais retardar as reformas — como a administrativa e outras —, mais cedo a economia baterá no teto, encerrando um “voo de galinha”. Sem a retomada de investimentos pesados na infraestrutura — que dependem da restauração completa da confiança no país — e na ampliação da capacidade de produção, para fazer mais engrenagens da economia girarem, o crescimento sustentável não será retomado.

Publicação: 05/12/2019

Fonte: Editorial do Globo

Imagem: Cenário MT